segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Não se passa nada e isso, por mais deprimente que seja, é uma constante ultimamente.
Lisboa bairrista, hoje passeei por ela, percorri-lhe as ruelas, os becos e descobri-lhe os segredos gravados nas pedras que o sol beija com um beijo quente e que perdura. "Home is where the heart is", por isso, Lisboa é a minha segunda casa, hoje conquistou-me com a vista maravilhosa para o Tejo, o pulsar mais preguiçoso de domingo, com o sol a queimar-me a cara e o ar de cortar a respiração. Foi o desejo de descoberta que fez com que, finalmente, me pudesse apaixonar por ela e chamar-lhe de casa, mesmo quando me perdia entre prédios e palacetes.
Todas as ruas, os bairros, os becos e os largos têm histórias para contar carregados de memórias de quem os habita, pelas "pessoas do costume" que lhes dão vida e mantêm as memórias acesas.
Senti-me confortavelmente abraçada pelas casas oitocentistas de uma Lisboa moderna que se esquece da sua própria história. É aqui, na cidade, que os vários séculos colidem e que ninguém parece notar a batalha que travam, as pessoas passam sem realmente olhar, sem expressão no rosto apressadas para chegar a todo o lado e a lado nenhum e os carros nas filas intermináveis de Lisboa entopem as ruas com fumo. Ninguém ouve o Fado que Lisboa canta nem as musas do Tejo que declamam epopeias, as suas vozes morrem no ar sufocadas pelas buzinas de condutores impacientes, contudo, Lisboa nunca perderá o seu encanto, o seu bairrismo e as pedras continuarão a contar histórias de outras glórias perdidas no tempo que muitos já esqueceram.

domingo, 25 de setembro de 2011


Tenho as gavetas vazias, procuro nelas o amor que um dia guardei mas deixei fugir. Não as tranquei bem e ele escapou por entre as frestas que deixámos abertas. Nunca mais vi aquele amor e nunca mais tive outro igual. Agora, tranco as gavetas todas e deito fora a chave, não vá eu querer guardar um outro amor qualquer.
Folha branca, como sempre, assustadoramente vazia, pronta a ser manchada impiedosamente. O silêncio gritante, o eco que se faz ouvir constantemente e que me entorpece os pensamentos; incontáveis sinapses que não me deixam pensar em nada, é sempre assim quando o cursor pisca e tenho um mundo inteiro para descrever. Uma imensidão de coisas novas, mas nada parece fazer sentido, apenas pensamentos atropelados por palavras sobre palavras, um turbilhão de letras que se misturam e sujam a minha folha branca, tão alva, tão pronta a receber tudo o que eu lhe quiser dar. E fica assim, impotente, não diz nada, passiva. Deixa que eu, mais ou menos bem, a suje, a manche com o tudo e nada, com a certeza da incerteza que escrevo, com estes pensamentos emaranhados.