sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quero ir para casa, até depois.

Queria ver o mar da minha janela. Sentir o cheiro e o ar da maresia. Lisboa aborrece-me. Todos os dias são iguais. Uma rotina aborrecida.
Gostava de poder abrir a janela de manhã e sentir-me em casa, mas estou longe.
Não consigo ouvir o mar ou ir a correr para a praia descalça deixando as minhas preocupações para depois. Em Lisboa trago-as sempre cinzentas e pesadas comigo. Tudo passa por cumprir o meu dever, em nome de uma vida melhor, será que é realmente melhor? Há tanto tempo que não me deito no cais, na pedra morna, aquecida pelo sol, a vê-lo desaparecer lá longe no mar, até cair a noite e ficar ali, meia adormecida numa dormência preguiçosa. Não ter de pensar em nada. Ficar ali, apenas. Um corpo presente, um nada cheio de sonhos que ficam para depois. Quero ir para casa, até breve.

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